domingo, 29 de dezembro de 2013

Casa-grande do Engenho Verde será inundada por barragem em Palmares

No próximo ano, a casa-grande do Engenho Verde, em Palmares, município da Mata Sul de Pernambuco, será inundada pela Barragem Serro Azul, que está sendo construída para contenção de enchentes do Rio Una e abastecimento humano. O velho bangalô, representante da economia açucareira da região, não será visto nem mesmo no nível mais baixo do reservatório. Serro Azul vai cobrir o casarão inteiro, do jeito como se encontra hoje, com suas colunas e platibanda (mureta que camufla o telhado) decoradas, arcos, portas, janelas e piso de ladrilho hidráulico. Mas não é só isso. Junto com as paredes, também ficará submersa uma parte da história de rebeldia dos pernambucanos. O Engenho Verde foi um ponto de apoio da Revolução Praieira, a última manifestação popular contra a monarquia e os senhores de engenho, ocorrida no Estado, de 1848 a 1850. Pedro Ivo, um dos líderes da insurreição, comandou uma frente de batalha nas matas do engenho, no ano de 1849, diz o historiador Aramis Macedo Júnior. Chefe do Setor de Arqueologia do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP), organização social sem fins econômicos, ele pesquisou o assunto para elaborar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da barragem. As terras que serão alagadas do Engenho Verde estão ligadas à luta por liberdade de imprensa e voto universal, pela extinção do poder moderador e pelo fim do monopólio comercial dos portugueses, principais bandeiras defendidas pelos liberais praieiros, no levante contra o governo de dom Pedro II. De acordo com Aramis Macedo Júnior, as primeiras referências ao engenho, em cartório, remetem a 1792. Era uma propriedade de Miguel Francisco Guimarães e ele havia recebido as terras em sesmaria. Isso não significa que o engenho é uma construção do século 18. “Pode ser mais velho”, pondera. Até o início do século 20, a área era vinculada ao município de Bonito. Foi incorporada a Palmares numa reformulação municipal. O Engenho Verde também tem raízes culturais. Lá nasceu o romancista Hermilo Borba Filho, em 1917. Uma escrivaninha que ainda decora a sala principal teria pertencido ao dramaturgo, segundo informações repassadas ao Itep.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Cientistas encontraram o ponto mais frio do planeta.

O ar ártico que levou temperaturas congelantes ao leste dos Estados Unidos este mês é relativamente ameno em comparação com o recorde de 93 graus Celsius negativos medido na Antártida em agosto de 2010, de acordo com pesquisa divulgada na segunda-feira (9). Os cientistas fizeram a descoberta ao analisar 32 anos de temperaturas da superfície global registradas por satélites. Eles descobriram que um cume no leste da Antártida contém bolsões de ar aprisionado que chegaram a 93 graus negativos em 10 de agosto de 2010, disseram pesquisadores em encontro da União Geofísica Americana, em São Francisco. O recorde de baixa anterior era de menos 89,2 graus Celsius, registrado em 1983 na estação de pesquisa russa de Vostok, na Antártida Oriental, disse Ted Scambos, cientista chefe do Banco de Dados Nacional de Gelo e Neve dos EUA, no Colorado. "Nós tínhamos a suspeita de que este cume da Antártida era susceptível a ser extremamente frio, e mais frio do que Vostok, porque é mais alto", disse Scambos em comunicado. As temperaturas são cerca de 50 graus mais frias do que qualquer registro no Alasca ou na Sibéria.

Abalo sísmico a 110 km de Noronha

O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) registrou, na tarde de domingo, um abalo sísmico a 110 quilômetros ao sudeste do arquipélago de Fernando de Noronha, no Oceano Atlântico, e a 445 quilômetros a nordeste de Natal. O tremor atingiu a magnitude de 4,7, considerada baixa. O registro ocorreu precisamente às 16h54 e foi registrado pela estação de Riachuelo e pelas demais operadas pela UFRN (redes RSISNE e INCT). De acordo com Joaquim Ferreira, chefe do Departamento de Geofísica da UFRN, ao qual o laboratório está vinculado, não há risco de ocorrer um tsunami em Fernando de Noronha. "Essa magnitude é muito baixa para gerar as ondas gigantes. Os tsunamis se formam a partir de tremores que atingem 7 pontos e que provoquem um movimento especial na água", explicou o professor. A profundidade em que ocorreu o tremor não foi identificado. "Mas pode ter ocorrido até 10 km de profundidade, já que se tratou de um sismo oceânico", acrescentou Ferreira.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Morre Nelson Mandela aos 95 anos

O líder sul-africano Nelson Mandela, 95, morreu nesta quinta (5) em sua residência, em Johannesburgo, para onde havia sido levado no dia 1º de setembro após passar quase três meses internado para tratamento de uma infecção pulmonar. Mandela foi o maior símbolo de combate ao regime de segregação racial conhecido como apartheid, que foi oficializado em 1948 na África do Sul e negava aos negros (maioria da população), mestiços e asiáticos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. A luta contra a discriminação no país o levou a ficar 27 anos preso, acusado de traição, sabotagem e conspiração contra o governo em 1963. Condenado à prisão perpétua, Mandela foi libertado em 11 de fevereiro de 1990, aos 72 anos. Durante sua saída, o líder foi ovacionado por uma multidão que o aguardava do lado de fora do presídio. Em 1993, Nelson Mandela recebeu o prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o regime do apartheid. Na ocasião, ele dividiu o prêmio com Frederik de Klerk, ex-presidente da África do Sul que iniciou o término do regime segregacionista e o libertou da prisão. Um ano depois, em 1994, Mandela foi eleito presidente da África do Sul, após a convocação das primeiras eleições democráticas multirraciais no país. Sua vitória pôs fim a três séculos e meio de dominação da minoria branca na nação africana. Ao tomar posse, o líder negro adotou um tom de reconciliação e superação das diferenças. Um exemplo disso foi a realização da Copa Mundial de Rúgbi, em 1995, no país. O esporte era uma herança do período colonial e, por isso, boicotado pelos negros, por representar o governo dos brancos. Nos dois anos seguintes, a Constituição definitiva e o processo de transição foram concluídos. Entre os anos de 1996 e 1998, o arcebispo Desmond Tutu liderou a Comissão de Verdade e Reconciliação para apurar crimes cometidos durante o apartheid, e foram abertos processos judiciais para pagamentos de indenizações às vítimas do regime. Mandela deixou a presidência em 1999 e passou a se dedicar a campanhas para diminuir os casos de Aids na África do Sul, emprestando seu prestígio para arrecadar fundos para o combate à doença. Em 2004, aos 85 anos, ele anunciou que se retiraria da vida pública para passar mais tempo com a família e os amigos. Já aos 92 anos, o líder sul-africano dificilmente participava de qualquer tipo de evento, devido à saúde frágil.