terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Anvisa aprova primeira vacina contra a dengue no país

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou nesta segunda (28) a primeira vacina contra a dengue no país. A vacina é produzida por um laboratório francês e deve levar pelo menos três meses até começar a ser vendida aqui no Brasil. É o tempo que o governo precisa para definir o preço do medicamento. A Anvisa diz que o prazo é demorado porque, como a vacina é um produto novo, não existem parâmetros para a comparação de preços. A vacina contra a dengue é aplicada em três doses, uma a cada seis meses. E só pode ser usada por pessoas com idade entre nove e 45 anos. Grávidas, mulheres que estão amamentando e quem tem fenilcetonúria - uma doença que causa atrasos no desenvolvimento intelectual e distúrbios de comportamento - não podem usar esse medicamento. A vacina não protege contra o zika vírus, nem contra a febre chikungunya - doenças que também são transmitidas pelo Aedes aegypti. Mas reduz em até 80% o número de internações nos tipos graves de dengue. Por isso, o governo reforça: a melhor medida preventiva é evitar o surgimento do mosquito da dengue.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Rios invisíveis de São Paulo

De cada 100 paulistanos, apenas cinco viram o Rio Pinheiros com curvas e várzeas. Quem tem menos de 70 anos só o conhece como ele é hoje: um canal reto, poluído e cercado por enormes avenidas e prédios espelhados em suas margens. As pessoas que nunca saíram de São Paulo não sabem o que é conviver com um rio. Tocar nas águas geladas de um córrego? Parar para ouvir o barulho de um riacho? Programa de férias. Mas nem sempre foi assim na metrópole mais importante do Brasil. E não por causa dos seus dois rios fétidos (além do Pinheiros, tem o infame Tietê). Mas por causa das centenas de riachos e córregos que a cidade tem. Isso mesmo, centenas. Estima-se que a capital paulista tenha entre 300 e 500 rios concretados embaixo de casas, edifícios e ruas. São impressionantes 3 mil quilômetros de cursos d?água escondidos. São Paulo deu as costas a seus rios, o que não é nem de longe uma novidade. "Nunca os tratamos bem", diz o geógrafo Luiz de Campos Júnior. "Desde o início, quando uma casa era construída, ela não ficava de frente para um córrego. Os riachos sempre ficavam relegados ao fundo do quintal". A água era vista como um excelente meio para levar embora tudo o que não se quer mais. Campos é um dos idealizadores do movimento Rios e Ruas, que organiza expedições para que as pessoas encontrem os chamados rios invisíveis da metrópole, que estão debaixo da terra, mas ainda podem ser vistos e ouvidos por bueiros e meios-fios. Triste ironia para a cidade que está passando pela maior crise de abastecimento de águade sua história. Logo ela, fundada no alto de uma colina entre três rios, Tietê, Anhangabaú e Tamanduateí, e que ganhou o nome de Vila de São Paulo de Piratininga devido à abundância de peixes (em tupi-guarani, "pira" é peixe). Por séculos, os paulistanos usaram os rios. Além de transporte de mercadorias, pesca e criação de animais, sua água era usada para todas as necessidades da casa. No começo do século 20, remar e nadar no Pinheiros e no Tietê eram atividades comuns. Não é à toa que o distintivo do time mais popular da cidade tenha uma âncora e um par de remos. No Corinthians dos anos 30, o remo era um dos principais esportes. Os rios faziam parte da vida da cidade. Stela Goldenstein, diretora da Associação Águas Claras do Rio Pinheiros, lembra que as pedras usadas na construção do Theatro Municipal, um dos edifícios mais icônicos de São Paulo, chegaram em embarcações por meio do Tamanduateí.