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domingo, 5 de agosto de 2012
Hora de repensar os biocombustiveis
Os investimentos em torno dos biocombustíveis no Brasil, alinhados à crescente demanda mundial por energias renováveis, parecem estar em descompasso com a realidade da cadeia produtiva de suas principais estrelas: o etanol e o biodiesel. Enquanto o mundo ainda se encanta com a propaganda brasileira em torno da ecossustentabilidade, o preço do etanol tem se aproximado cada vez mais do da gasolina, resultando numa drástica queda das vendas.
Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o litro do etanol já pode ser encontrado por até R$ 3 Brasil afora, apesar de o preço médio no País ser de R$ 1,90. Nesses patamares, os valores perdem atratividade frente à gasolina, considerando a orientação padrão de que o rendimento do etanol no veículo é até 70% do da gasolina. Tudo isso fez com que as vendas do biocombustível despencassem 27,7% no ano passado, de acordo com o acompanhamento da ANP. Enquanto as de gasolina – que tem 20% de etanol anidro em sua composição – saltaram 18,9% no mesmo período.
Apesar de ser referência mundial em tecnologia e em produção de etanol, o Brasil bateu recorde de importação no ano passado, comprando 1,1 bilhão de litros de etanol dos Estados Unidos. O volume é quase 15 vezes maior do que os 74,084 milhões de litros importados em 2010. “O prejuízo para o País é um mercado criado nas mãos e que não atendemos porque não temos produto”, diz o representante da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única) em Ribeirão Preto, Sérgio Prado.
Representantes do usineiros alegam que a crise de 2008 foi um golpe duro para o setor, dificultando os investimentos para manter a competitividade. “O canavial precisa ser renovado a cada três ou quatro anos, se não perde produtividade por hectare. E isso foi acontecendo. Faltou, então, aquele investimento que garantiria a produtividade”, explica Prado. Segundo ele, hoje é o açúcar que sustenta a cadeia produtiva: “Às vezes o etanol nem remunera o custo de produção em determinadas épocas do ano”.
Em paralelo, justificam os usineiros, a demanda aumentou com o crescimento da frota (que dobrou nos últimos 10 anos), e que o preço da gasolina tem sido “protegido” em nome do controle da inflação – em junho, a Petrobras queria 14% de reajuste, para atualizar a defasagem acumulada pelo combustível no mercado internacional; o governo concedeu 7,83% e isentou o combustível da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide), para que esse aumento não chegasse ao consumidor.
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