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quinta-feira, 19 de setembro de 2013
A crise mudou a economia nos últimos cinco anos
A falência do banco Lehman Brothers em 15 de setembro de 2008 transformou a crise (até então) subprime numa crise financeira global. Decorridos cinco anos desse “dia D”, essa crise ainda não foi superada na perspectiva aqui defendida. Na realidade, nesse quinquênio, ela passou por uma metamorfose, que englobou diferentes fases. A primeira e mais aguda estendeu-se desta falência ao final de 2008 e se caracterizou pela virtual paralisia do sistema financeiro internacional, que contagiou praticamente todos os países avançados e emergentes. No caso desses últimos, um dos principais canais de transmissão foi a retração dos fluxos de capitais e as abruptas depreciações cambiais. Todavia, essa fase foi efêmera. Já no segundo trimestre de 2009, emergiu a segunda fase da crise caracterizada pela recuperação dos preços dos ativos e expectativas de retomada econômica, em função das políticas fiscais e monetárias anticíclicas adotadas na fase precedente. Nesse contexto, os fluxos de capitais começaram a fluir novamente para as economias emergentes em busca de ganhos especulativos num contexto de taxas de juros historicamente baixas, expansão da liquidez nos países centrais e redução da aversão aos riscos em âmbito global.
Assim, a própria metamorfose da crise deu origem, num curto período de tempo, ao quarto boom de fluxos de capitais e de apetite por riscos desde o colapso do regime de Bretton Woods. Como nos ciclos precedentes, os principais determinantes do retorno dos capitais estrangeiros para as economias emergentes foram os chamados push factors (fatores externos), sobretudo as condições monetárias frouxas nos países centrais e, em especial, no país emissor da divisa-chave, os Estados Unidos. Ademais, a dimensão inédita das ações anticíclicas (monetária e fiscal) conseguiu evitar a depressão, contribuindo para a rápida redução da aversão global ao risco, outro condicionante fundamental da dinâmica desses capitais. Nesse contexto, as operações de currency carry trade e arbitragem de juros ressurgiram com toda força. Esse boom se sustentou (embora permeado por períodos de desaceleração) na terceira fase da crise, que teve início no primeiro trimestre de 2010, com a eclosão da crise da área do Euro e a desaceleração econômica nos países avançados (que resultou em expectativas crescente de um double dip). No segundo trimestre de 2013 parece ter emergido uma quarta fase, marcada pela saída da recessão da área do Euro e pela alta das taxas de juros dos títulos de longo prazo do tesouro americano em resposta à sinalização do presidente do Fed, Ben Bernanke, de que dará início à desaceleração da política de afrouxamento quantitativo ainda esse ano
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